Aaron, motorista de táxi em Nova Iorque, cansado das Manhãs do Eterno Nada, em que invariavelmente acorda para a mesma rotina, sem esperança de qualquer potencialidade, parte em busca de uma terreola de província onde não tenha que repetir sempre os mesmos gestos, à mesma hora e da mesma maneira. Em Clement, cidade de nome promissor, julga encontrar o paraíso por que ansiava, mas as manhãs, naquela terra, serão clementes para o foragido da grande metrópole?
Uma falsificação bem conseguida pode ser mais valiosa do que o quadro original - mesmo quando pintado por grandes nomes da Pintura Universal - para Lucien Montlehuc, coleccionador de imitações geniais, cujo prazer é o de, ciente da sua infalível perícia, deitar por terra os "castelos de cartas" concebidos por peritos pedantes. Esse gozo do desfrute não constituirá, porém, também ele, um Castelo de Cartas?
Nestas - e em outras doze - incursões ao âmago da alma humana, Patricia Highsmith demonstra, uma vez mais, porque é considerada a rainha do suspense, presente mesmo em situações corriqueiras que não envolvem crime nem põem em risco pessoas ou bens. A vida de todos os dias é fértil em surpresas, o Destino um consumado mestre na arte da facécia e ninguém está livre de, a todo o momento, ver esfumarem-se as mais promissoras expectativas ou de, pelo contrário, encontrar inesperado aprazimento em situações aparentemente catastróficas.
As catorze narrativas recolhidas no presente volume foram escritas entre 1938 e 1949 e são, quase todas, inéditas; as excepções publicadas em vagas revistas perdidas nas poeiras dos arquivos, nunca foram incluídas na colecção das obras da autora.